Evento pró-armas vira palco de campanha eleitoral para Bolsonaro

Raquel Lopes
Brasília, DF

Evento realizado neste sábado (9) em Brasília pelo Proarmas, maior grupo armamentista do Brasil, teve campanha política antecipada para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e contou com a presença dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Daniel Silveira (PTB-RJ), entre outros.

O encontro teve início em frente à Catedral de Brasília e seguiu até o Congresso Nacional. Segundo estimativa da Polícia Militar, participaram 2.700 pessoas, que exaltaram medidas adotadas por Bolsonaro para facilitar o armamento da população, uma de suas bandeiras na eleição de 2018 e agora.

Pela regra da Justiça Eleitoral, a campanha deste ano só começa em 16 agosto.

A defesa de armas é um dos pontos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje líder das pesquisas, usa para atacar o rival. O petista já se referiu ao adversário como "um doente que acha que o problema do Brasil se resolve com armas" e disse que ele prefere armas a livros.

O Proarmas se define como um movimento pela busca do "direito fundamental" da legítima defesa e apoia mais de 50 pré-candidatos a diferentes cargos na eleição de outubro. Alguns dos postulantes estavam no local. Houve entrega de material com propaganda.

A instituição trabalha principalmente a favor dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores). Em comum, todos são favoráveis à reeleição do atual mandatário, entusiasta da causa. Ele foi exaltado em discursos como o do deputado Eduardo Bolsonaro, seu filho.

"Eu não quero saber o que vocês pensam sobre as urnas eletrônicas, vá votar […]. Então, meus caros, vou finalizar aqui com um grito que vocês já conhecem e, quem puder complementar aqui, eu agradeço. 'Brasil acima de tudo, Deus acima de todos'", disse, repetindo o slogan da campanha do pai de quatro anos atrás.

O filho do presidente criticou delegados federais que não dão porte de armas a CACs. Projetos de lei que estão sendo aprovadas nos estados e que reconhecem o risco da atividade dos CACs e a efetiva necessidade do porte.

"Se o delegado federal não quiser cumprir a lei estadual, a gente vai entrar na Justiça. A gente vai expor esse cara. Se a gente segue a lei, por que as autoridades não seguem a lei?", afirmou Eduardo.

Ricardo Caiafa, pré-candidato a deputado distrital do Distrito Federal pelo PL, disse que o mais importante é reeleger o presidente. Ele distribuiu panfleto contendo seu nome, mostrando que é pré-candidato. O material continha os dizeres: "pelo porte [de armas] geral para todos os CACs".

"A minha pré-candidatura é secundária. Em primeiro lugar todos nós temos uma missão, e essa missão a gente tem que abraçar e cumprir ela à risca, que é reeleger o nosso presidente da República, Jair Bolsonaro. Depois a gente vai se preocupar com o resto", disse.

Durante o evento, ativistas seguraram bandeiras do Brasil e toalhas com o rosto do presidente. Havia também gente com camisa de clube de tiro e do próprio movimento, além de outros itens personalizados.

Para que as pessoas conseguissem chegar em Brasília, os organizadores estaduais do Proarmas e clubes de tiro organizaram excursões durante o mês de junho. Pelo site do Proarmas qualquer pessoa poderia contribuir financeiramente para custear as despesas de quem não poderia pagar.

O governo federal publicou, até o momento, 15 decretos presidenciais, 19 portarias, dois projetos de lei e duas resoluções que flexibilizam regras sobre armas. Ao mesmo tempo, a gestão Bolsonaro enfraqueceu os mecanismos de controle e fiscalização desses artigos.

Na quinta-feira (30), durante sua live semanal, Bolsonaro afirmou que o número de CACs irá crescer ainda mais se ele for reconduzido ao cargo. "Estamos chegando a 700 mil CACs no Brasil. Eu pretendo, havendo uma reeleição, o ano que vem chegar a 1 milhão de CACs no Brasil."

A Folha mostrou que o Proarmas tem oferecido apoio a candidatos que querem disputar uma vaga no Congresso em troca de cargos dentro dos gabinetes. A afirmação é do próprio presidente do Proarmas, Marcos Pollon, em vídeo publicado nas redes sociais.

Além disso, Pollon tem acesso livre ao Congresso. O senador Jorginho Mello (PL-SC) disse, em um vídeo gravado durante a convenção nacional do Proarmas, que Pollon despacha do seu gabinete.

"Se não fossem vocês, não teríamos acesso a nada no Congresso. Hoje temos acesso livre às duas casas", disse Pollon neste sábado.

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