'Ideia de furar teto existe, o pessoal debate, qual o problema?', diz Bolsonaro

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta quinta-feira, em transmissão ao vivo na internet, que o seu governo discutiu a ideia de furar o teto de gastos, um dia depois de declarar que respeita o limite constitucional, ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ele explicou que os ministérios tem uma "briga, no bom sentido" por mais recursos e reforçou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é contrário à iniciativa.

— Então a ideia de furar teto existe, o pessoal debate, qual o problema? "Presidente, na pandemia, nós temos a PEC de Guerra, nós já furamos o teto em mais ou menos R$ 700 bilhões, dá para furar mais R$ 20 [bilhões]?". Eu falei: "Qual é a justificativa? Se for pra vírus, não tem problema nenhum". "Ah, mas entendemos que água, por exemplo, é para essa mesma finalidade". Então a gente pergunta. E daí? Já gastamos R$ 700 bilhões, vamos gastar mais R$ 20 bilhões ou não? ' — comentou o presidente.

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Bolsonaro disse em seguida que Guedes afirma que isso sinalizaria para a economia e o mercado que o governo está furando teto e "dando um jeitinho". Sem citar nominalmente Rodrigo Maia, que na terça disse que não haverá "jeitinho" para furar o teto de gastos, o presidente criticou a declaração do parlamentar:

— Aí outro lá na ponta, de outro Poder, já começa a falar: "não vou aceitar jeitinho", em vez de ligar, telefonar, conversar, ver o que está acontecendo — disse Bolsonaro.

Questionado na live sobre a reunião com Maia e Alcolumbre, realizada na noite de quarta-feira, na qual também estiveram presentes os ministros Paulo Guedes, Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e lideranças do Congresso, Bolsonaro declarou que está 99,9% com o ministro da Economia.

— Tem que ter um 0,1% do poder de veto... É a questão do teto. O teto é o teto. O piso sobe anualmente, e cada vez mais você tem menos recurso para você fazer alguma coisa.

Citando o Ministério da Infraestrutura, que é responsável segundo o presidente por "duplicar pista, recuperar, fazer uma ponte", ele apontou que a pasta recebe anualmente em torno de R$ 5 bilhões, o que ele considerou "pouco".

— Aí você vai no ministério do nosso querido [Rogério] Marinho, o MDR [Desenvolvimento Regional]. Ele quer concluir obras, a questão da água para o Nordeste, não quer deixar morrer o programa Minha Casa, Minha Vida. Precisa de recurso. E cada vez o cobertor está mais curto, né? — comentou.

Vazamentos

O presidente reclamou então do vazamento das informações sobre as discussões internas do governo:

— Agora isso vaza daqui do nosso meio. Infelizmente, apesar de fazer varredura o tempo todo por aí, mas sempre alguém chega no gabinete, conversa com alguém no ministério, e acaba vazando isso daí. Falou-se em fazer uma consulta ao TCU [Tribunal de Contas da União. "Vamos fazer ou não vamos?" Não fizemos. Mas o pessoal vem, como se alguém estivesse tudo articulado para dar um grande golpe, furar o teto, como se alguém estivesse desviando direito. A intenção de arranjar mais, em média, R$ 20 bilhões, é água no Nordeste, é saneamento, é revitalização de rios, é Minha Casa, Minha Vida, é BR-163 lá no Pará [...] Então foi assim. A gente discute o que todo mundo quer.

Na sequência, ele apontou que cerca de 95% do Orçamento hoje é comprometido, e confirmou que existe um briga "salutar" por recursos intermamente. E disse ainda que o governo vai enfrentar problemas porque a previsão de arrecadação no ano que vem vai cair.

Bolsonaro concluiu comparando o debate sobre o teto de gastos a uma reunião de pauta de jornalistas, "que resolvemos não levar avante". E reclamou da reação do mercado aos vazamentos:

— O mercado reage, o dólar sobe, a Bolsa cai. Agora esse mercado tem que dar um tempinho também, né? Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles, né? Não ficar aí aceitando essa pilha. Se bem que tem gente que vaza e tem negócio. A gente manda investigar muitas vezes aqui, né?, acionar aí a CVM [Comissão de Valores Mobiliários], etc., para ver se esse vazamento publicado em tal local da imprensa foi um fake news, uma mentira, para mexer no mercado e alguém ganhar dinheiro.

eco 13/08

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