Trump pede demissão de repórter da Fox News por matéria confirmando que teria xingado soldados da 1ª Guerra Mundial

WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu à emissora Fox News que demitisse a repórter que cobre temas de segurança nacional, após ela confirmar as afirmações de que o chefe da Casa Branca tenha chamado de “perdedores” e “otários” os soldados americanos mortos na Primeira Guerra Mundial. As alegações, segundo uma reportagem do site Atlantic, teriam sido realizadas durante uma visita à França para marcar os 100 anos do conflito, em 2018.

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Trump publicou na sexta-feira à noite uma mensagem de repudio na rede social Twitter, afirmando que a repórter Jennifer Griffin deveria ser demitida por este tipo de matéria.

“Ela nunca nos ligou para pedir que comentássemos [o caso]", escreveu o presidente.

Griffin informou que dois ex-funcionários do governo confirmaram que o presidente "não queria levar adiante uma cerimônia para homenagear os mortos de guerra americanos" no cemitério de Aisne-Marne, nos arredores de Paris, um evento que foi cancelado oficialmente devido ao mau tempo.

Desde a publicação da matéria do Atlantic, Trump, que concorre à reeleição este ano, tem sido alvo de duras críticas. Os comentários maldosos aos mortos da Primeira Guerra Mundial podem custar ao presidente parte do forte apoio que tem entre os veteranos.

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Um ex-funcionário citado pela repórter da Fox News comentou que Trump havia usado a palavra "burros" para criticar os militares mortos, mas em um contexto diferente relacionado à Guerra do Vietnã.

— Quando o presidente falou sobre a Guerra do Vietnã, ele disse: 'foi uma guerra estúpida. Todos que aceitaram ir foram burros — explicou Griffin ao citar um ex-funcionário do governo não identificado.

Trump, porém, se defendeu das acusações após a publicação da matéria, chmando-a fake news pelo Twitter.

A Fox News, que habitualmente exibe uma postura mais simpática com Trump em seu noticiário, tem sido criticada por aparentemente ignorar os relatos de Griffin ao abordar a história.

Vários colegas de Griffin na Fox a defenderem publicamente pelas redes sociais, assim como o deputado republicano Adam Kinzinger, que chamou a repórter de "justa e sem medo".

— Posso dizer ao presidente que minhas fontes são irretocáveis. Não são anônimos para mim, e acredito que o presidente as conhece — se defendeu Griffin neste sábado.

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Pouco antes do The Atlantic publicar a história, uma pesquisa realizada pelo Military Times e o Instituto para Veteranos e Família de Militares da Universidade de Syracuse descobriu que somente 37,4% dos militares na ativa apoia a candidatura à reeleição de Trump, contra 43,1% para seu rival, o democrata Joe Biden.

Fim de treinamentos antirracismo

O presidente dos Estados Unidos também ordenou, na sexta-feira, que agências governamentais encerrem as sessões de treinamento antirracismo para funcionários federais, alegando que constituem uma "propaganda divisiva e não americana".

A ordem surge em um momento em que Trump tenta chamar a atenção de sua base eleitoral, adotando um discurso de “lei e ordem”, devido aos protestos contra a desigualdade racial e a violência policial, que eclodiram no país desde a morte do homem negro George Floyd, asfixiado em maio por um agente branco.

Em um memorando, o Gabinete de Administração e Orçamento da Casa Branca citou relatos de que "funcionários de todo o Poder Executivo foram obrigados a participar de treinamentos nos quais são informados de que 'virtualmente todos os brancos contribuem para o racismo' ou onde são obrigados a dizer que 'se beneficiam do racismo'".

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E acrescentou: "De acordo com relatos da imprensa, em alguns casos esses treinamentos afirmam ainda que há racismo embutido na crença de que os Estados Unidos são a terra das oportunidades ou na crença de que a pessoa mais qualificada deve conseguir um emprego."

"A propaganda divisiva, falsa e degradante do movimento da teoria crítica da raça é contrária a tudo o que defendemos como americanos e não deveria ter lugar no governo federal", acrescentou o memorando.

Trump instruiu as agências a "identificar todos os contratos ou outros gastos relacionados a qualquer treinamento em 'teoria crítica da raça', 'privilégio branco' ou qualquer outro treinamento ou esforço de propaganda que ensine ou sugira que os Estados Unidos são inerentemente um país racista ou maligno, ou que qualquer raça ou etnia são inerentemente racistas ou malignas".

O presidente reforçou a iniciativa na manhã deste sábado, disparando mais de 20 tuítes e compartilhamento sobre o assunto. Um deles chama a teoria crítica da raça de "a maior ameaça à civilização ocidental".

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