Governo inicia conversas com farmacêutica chinesa Sinopharm para aquisição de vacinas contra a Covid-19

BRASÍLIA — Representantes da farmacêutica chinesa Sinopharm, que produz vacinas contra a Covid-19, e o governo federal iniciaram conversas informais para tentar abrir negociações para aquisição do imunizante. De acordo com fontes do governo, o laboratório quer marcar uma reunião com a secretaria executiva do Ministério da Saúde para discutir o tema. Até o momento, as conversas são preliminares e ainda não há definição de datas.

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Internamente, a percepção é de que o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, estaria aberto à negociação. Franco, no entanto, tem frisado a necessidade de que os imunizantes negociados recebam aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Questionado por meio de sua assessoria de imprensa sobre as negociações com a Sinopharm, o Ministério da Saúde não respondeu.

A empresa já começa a se movimentar também a nível estadual. Representantes da farmacêutica procuraram o Espírito Santo. O secretário de saúde do estado, Nésio Fernandes, confirmou a informação, mas disse que não comenta sobre negociações relacionadas ao tema, já que são sigilosas.

Além do Espírito Santo, conforme o GLOBO revelou em janeiro, o governo da Bahia enviou uma carta à embaixada da China manifestando interesse em adquirir doses da vacina produzida pela Sinopharm.

Apelo aos senadores

Na última quarta-feira, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, participou de uma conversa virtual com senadores. Na ocasião, Wanming pediu que estados atuasse para "convencer" o governo a adquirir o imunizante da Sinopharm.

— Se os estados puderem convencer o Ministério da Saúde, o Governo Federal, organizar o processo de compras, acho que as questões legais e de suprimento poderiam ser solucionadas com mais facilidade. Agora, as vacinas de Sinopharm são mais usadas em todo o mundo— disse na ocasião, segundo a assessoria da senadora Kátia Abreu (PP-TO), que organizou o encontro.

Nesta sexta-feira, o embaixador da China se reúne pela manhã com governadores para falar sobre vacinas.

Eficácia de 79,34%

O imunizante da Sinopharm foi autorizado em dezembro na China após a divulgação de sua eficácia de 79,34%, com base em resultados preliminares dos estudos de fase 3.

Até o momento, no entanto, a farmacêutica não procurou a Anvisa. Para solicitar a autorização emergencial de uso no Brasil, o laboratório precisaria de um representante brasileiro no país. Na quarta, a Anvisa deixou de exigir realização de estudo de fase 3 no Brasil para autorização em caráter emergencial.

Além disso, há uma lei mantida em vigor por prazo indeterminado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que fixa prazo de 72 horas para a Anvisa se manifestar sobre autorização de “quaisquer materiais, medicamentos, equipamentos e insumos" da área da saúde que tenham sido registrados por autoridades estrangeiras, incluindo a agência regulatória chinesa. O mecanismo ainda não foi utilizado por nenhuma empresa para solicitação de registro no país, mas está em vigor. O GLOBO não conseguiu contato com a Sinopharm.

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